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Pequenas Coisas que Alegram o Coração!!!

         
        Nesta segunda-feira (01/10) pela manhã, mais ou menos umas 9h, estou voltando pra casa depois de dar aula (para quem não sabe moro na casa do estudante dentro do campus da Universidade Federal de Santa Maria), e vejo um filhote de pássaro todo assustado e molhado. Caia uma chuva forte e contínua. Resolvi trazer o pobre bichinho pra mim casa já que as possibilidade de sobrevivência dele estavam reduzidas, pois, por não saber voar ainda, não conseguiria voltar ao ninho e provavelmente morreria de frio ou atropelado ou mesmo sendo presa fácil para algum predador.
        Em casa providenciei uma casa de sapato com muitos furos, forrada com jornal para que ficasse confortável. Pus ele na caixa e a deixei em um lugar protegido e quentinho. A ideia era devolvê-lo pro lugar de onde o encontrei assim que a chuva dêsse uma trégua, mas estava bem complicado. Já de tarde o pássaro começou a se debater pra tentar sair da caixa e durante a noite as tentativas aumentaram. Pus uma tampinha com água e uns farelos de pão pra ele, mas ele nem se aproximou, só tentava escapar da caixa.
         Na terça-feira a chuva ainda caia forte e eu já tava agoniada, queria devolvê-lo pro lugar de onde o peguei, mas daquele jeito não estava dando mais. Abri a janela e a caixa, mas na tentativa de voar fracassada ele caiu para dentro do quarto e se escondeu em cantinhos. Passou muitas horas explorando os cantos do meu quarto, tentando subir nas paredes ou simplesmente quietinho.


         De tarde eu o coloquei na janela, pra ver qual seria a reação dele, mas a chuva continuava a cair. Já estava com muita dó de vê-lo ali quietinho, sem comer nem beber nada, ele já nem estava mais defecando. 
        E ele ficou ali! Estagnado! Parado! Quietinho! Olhava a chuva, escutava os outros pássaros, mas permanecia ali. Mais uma vez tentei alimentá-lo e não consegui.
         Ao fim da tarde, com o frio chegando e ele se aprumando pra dormir, eu fechei a janela e deixei ele livre para explorar o meu quarto como quisesse. Ele desceu da janela e voltou pra baixo de uma cadeira onde eu tinha deixado a caixa antes. E ali permaneceu durante toda a noite. Nem um pio, nem uma tentativa de fugir, só ficou ali. Ás vezes dormia, ás vezes me olhava, ás vezes esfregava o longo bico nas penas de suas asas...


      Hoje, quarta-feira, finalmente a chuva cessou! Pela manhã ao levar meu filho para creche, carreguei o filhote na caixa e o deixei no mesmo lugar que o achei. Ele saiu da caixa e reconheceu o local. Se distanciou, mas ficou a me olhar, talvez sem entender por que eu o havia solto ou apenas me agradecendo por trazer de volta ao lar. Segui meu caminho para creche, deixei o Samuel com a professora e retornei pelo mesmo lugar.
          Lá estava ele, havia encontrado um galho no chão e estava nele. Parado, quietinho como sempre. Observava os outros pássaros nas árvores, me observava de longe, mas não piava, não se manifestava, apenas olhava. Fiquei ali, parada, observando ele ali sozinho. Ele sem saber voar e os outros pássaros sem dar bola pra ele. Depois de meia hora um pássaro pousou no mesmo galho. O filhote se aproximou, mas logo o outro pássaro voou e aquilo me cortou o coração! Fiquei mais uns dez minutos agoniada ali, observando, preocupada por saber que o pobrezinho tava há dois dias sem comer e indignada por nenhum outro pássaro sociabilizar com ele.


       Foi quando aquele mesmo pássaro de antes voltou. Os dois abriram as asas, se roçaram e o pássaro finalmente alimentou o filhote. Essa cena me comoveu tanto que enchi meus olhos de lágrimas e fui embora, plena, feliz, leve, realizada... Como a natureza é sábia! Como é lindo ver o amor brotar de lugares nunca imaginados, simples e puro! Senti tanta coisa boa... Deu vontade de abraçar meu filho e protegê-lo embaixo das minhas asas!
        Mais tarde, ao buscar meu filho na creche reparei que o filhote permanecia no galho. Voltei a ficar apreensiva, mas agora não há mais nada que eu possa fazer, só me resta esperar que ele aprenda a voar logo e que nenhum predador ou humano interrompa o seu desenvolvimento. Se pudesse o colocaria nos galhos altos de alguma árvore, mas sei que até lá existem perigos que podem o ameaçar. Até porque foi assim que toda essa história começou, foi de cima de uma árvore que o filhote caiu e foi assim que eu percebi o quanto pequenas coisas podem alegrar o nosso coração!!!
         Espero poder continuar sendo expectadora do desenvolvimento desse filhotinho!!! Espero que ele possa alegrar ainda mais os meus dias!!!

;)

Mariana Lohmann (03/10/2012)





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