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Família

Família... Quem de fato é nossa família?
Muitas vezes quem tem nosso sangue nem sempre podemos considerar nossa família.
Hoje fui no velório de uma tia "emprestada", que há muito tempo eu não convivia. A parte mais louca dessa história toda é que ela era irmã de um falecido ex-padrasto ao qual eu não gostava nada. Então me pego pensando que tive mais contato com ela, e os parentes que vim a conhecer desse ex-padrasto, que com meus parentes por parte de pai. Aliás, mais contato com eles que com o meu próprio pai.
Da família "Cunha da Silva" eu mantenho contato com a filha dessa tia, a Cibele, de apelido Bebê, a quem tenho por prima desde que a conheci, e que me reconhece assim também, mesmo sabendo que de fato quem é primo dela é meu irmão. E tenho como irmã a filha mais nova do meu ex-padrasto, a Michele. Ambas são parte importante da minha existência, muito mais que alguns irmãos (ou meio irmãos) que tenho.
Ainda que eu seja uma pessoa um pouco distante das pessoas queridas, como as duas citadas acima ou ainda como minha avó, tia, madrinha e primos por parte de mãe, nunca esqueço de quem de alguma forma representa ou já representou coisas positivas na minha trajetória. (Entenda aqui "coisas positivas" não só como momentos felizes, mas também divergências que trouxeram ensinamentos)
E meu pai? E os parentes oriundos dessa descendência sanguínea? E os "da Rosa", onde se encaixam na minha vida?
É claro que eles podem dizer que foi minha mãe que não primou pela convivência deles comigo, mas e eles? Por que não me procuraram na infância? Por que não se fizeram presentes? Por que não se fazem presentes hoje em dia?
Família...
Dizem que as escolhemos antes de nascer por algum motivo... Talvez...
Ainda sim, percebo que está em nossas mãos quem queremos manter por perto ou não, quem merece ter o título de nossa família ou não.
Hoje, vendo minha tia "emprestada" ser velada, alguns rostos conhecidos, outros não. Me veio em mente que eu escolhi estar ali, que talvez eu não conseguisse estar por causa de distância ou contratempos, mas certamente estaria ali em pensamento, como na vez que meu tio-padrinho Erineu, irmão da minha mãe, se foi, que eu não pude ir no velório, não pude me despedir, mas estava lá de coração e alma, mesmo que em pedaços. Lembro que da vez do meu tio, fui trabalhar no dia chorando muito e passei alguns dias assim, pois percebi que em muitos momentos da minha vida ele representou muito mais um pai pra mim que meu próprio pai.
Ali na capela, conversando com minha prima como se tivesse a visto ontem, mesmo que na realidade fizessem anos que não nos víamos, me dei conta que sou muito mais "da Silva" que "da Rosa". Mesmo que meu ex-padrasto tivesse sido uma pessoa horrível pra mim, alguém a quem não nutro nenhum sentimento positivo, ainda sim, ele me possibilitou conhecer pessoas como a Cibele, que carregarei sempre no meu coração. Construí memórias com os "da Silva" que jamais terei com os "da Rosa".
Família não é de onde viemos e sim são quem escolhemos!!!

Mariana Lohmann (01/12/2022)

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