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Felicidade???

Ás vezes eu fico me perguntando o que é felicidade? Como conseguimos tê-la? O que se deve fazer para ser feliz???
Um dia eu acreditei que felicidade era ter 18 anos e ser independente, estudar, namorar, pagar minhas próprias contas, morar sozinha... Quando eu cheguei aos 18, nada daquilo que eu planejei saiu como eu esperava, mas eu segui.
Eu não estava morando sozinha, nem na cidade que eu esperava estar, mas estudava teatro na faculdade. Ainda não era o curso que eu esperava estar fazendo, contudo era o que me fazia feliz naquele momento. Eu não pagava minhas contas, nem era independente, mas tinha um namorado, que mesmo não sendo tudo aquilo que eu imaginei um dia, era a pessoa que eu amava... E posso dizer que ainda amo, porque ao lado dele enfrentei tantas dificuldades de todos os gêneros que fui obrigada a crescer. Aprendi tanta coisa com ele, aprendi que o amor pode tudo e que não se resume numa relação. O relacionamento pode acabar, mas o amor não.
Aos 19 anos, encorajada pelo meu namorado, começou o meu processo de independência. Comecei a pagar minhas contas, fui morar no campus da universidade dividindo tudo com o meu amor, casa, quarto, trabalho, estudo, comida, dinheiro, amigos... E minha felicidade se resumia numa mochila nas costas e um mundo inteiro pra explorar, viver de teatro acreditando nele com todas as minhas forças, mas sem nunca deixar de ter um porto seguro, um sonho de casar "com flores na cabeça e os pés descalços" e ter filhos, mesmo sabendo que filhos tornaria tudo mais difícil.
Com 20 anos desacreditei do teatro, mas continuava a viver e amar ele. Desacreditei da relação, mas continuei amando. Eu quis voltar a adolescência, voltar a ter amigos só meus, eu quis voltar a ser uma só, quis descobrir quem eu era, rejuvenescer! Eu desacreditei do casamento, da alma gêmea e de ter filhos... E foi aí que engravidei! E engravidei de uma pessoa que não amava, de um estranho, de alguém que não estava nos meus planos, nem nos meus ideais de felicidade. E a felicidade passou a ser apenas gerar o meu filho e só.
Com o nascimento do meu bebê eu deixei de ser eu, deixei de sonhar, deixei de acreditar em mim ou num futuro bom pra mim. Felicidade era ver o sorriso do meu filho, alimentá-lo, vê-lo crescer, acreditar que o futuro dele irá ser melhor que o meu, sonhar por ele, rezar por ele, viver por ele...
E quando eu já me considerava velha, esquecida, apagada e sem futuro, o amor me tocou novamente e eu passei a ver no pai do meu filho o meu melhor futuro. Eu o amei, eu amei todas as descobertas e redescobertas, eu amei conhecer aquele que pra sempre vai dividir o amor do meu filho comigo. A felicidade nunca antes me foi tão palpável! Eu aprendi a concretizar, a realizar, a programar, a me orientar, eu voltei a acreditar no futuro, no teatro, em mim. Eu amadureci. Eu aprendi a amar e ser amada. E a minha felicidade passou a ser: me formar, ter uma casa, um carro, um cachorro e coelhos, ter um pé de pitanga e um de bergamota no quintal de casa, casar de véu e grinalda, usar aliança, fazer festinhas de aniversário pro nosso filho, vê-lo crescer feliz seja onde estivéssemos, dar aulas e ter uma filha. Minha felicidade foi se construindo como o amor, como um castelo para três e talvez quatro pessoas.
Mas depois de três anos vi este castelo enfraquecer e quebrar, vi duas alianças perderem o valor como a família que construímos, vi tudo desmoronar, vi os planos, planejamentos, programações... vi tudo se enterrar numa areia movediça. E a felicidade passou a ser prática: realização pessoal, profissional, auto-estima renovada, meu filho crescendo feliz com um futuro ao lado do meu. E por muito tempo desacreditei no amor, desacreditei no casamento, desacreditei na vida a dois, até tentei reaprender a encontrar a felicidade em nós "três", mas os acontecimentos só apontavam pra dois, eu e meu filho.
Hoje meu filho tem 5 anos, eu tive outros dois amores, o pai dele tem um novo amor. Eu tive um quase relacionamento, fiz planos, quis me unir novamente mesmo sem esperar voltar a usar alianças, mas quis passar a pensar em quatro (ele também tem um filho). Eu voltei a amar, eu voltei a acreditar que podia construir um castelo novamente, desta vez mais simples, mais humilde, menor... Mas me enganei em pensar que meus anseios, desejos, aspirações de felicidade poderiam ser dele também e tudo não passou de um quase. Quase concreto, quase namoro, quase! 
Enquanto isso percebo que o pai do meu filho e o meu antigo namorado de quando eu tinha 18 anos reconstruíram seus planos e estão reerguendo seus castelos, seus futuros, suas idealizações de felicidade. E eu? E minha felicidade? E o meu futuro, por que continua incerto?
Dos dois amores que tive esse ano, um virou namoro, me faz feliz, me satisfaz, mas ainda é novo, ainda brota e ainda não me inspira certeza de futuro, felicidade e seja lá o que for. Estou descrente de muitas coisas. Felicidade hoje é ver meu filho evoluir, ser feliz, crescer, é conseguir me sustentar com pouca ajuda, é chega aos trinta com algum emprego, ter um canto mesmo que emprestado ou alugado pra morar... É simplesmente ter alguém pra amar e/ou me amar, mesmo que longe, mesmo que não seja mais um grande amor, mesmo que nossos futuros não se encaixem, mesmo que a relação não dure.
E hoje, pensando em felicidade e tudo o que essa palavra/sentimento pode trazer consigo me dei conta que sempre a relaciono com trabalho e casamento, me dei conta que de todas as vezes que aspirei felicidade a época que mais senti que ela podia ser real foi quando eu estava com o pai do meu filho... E eu senti saudade! Saudade de um tempo que não volta; de planos, sonhos, idealizações que me pareciam tão concretizáveis. Senti saudade de ter um chão pra caminhar, um peito pra chorar, mãos dadas pra seguir em frente, metas realizáveis pra alcançar, um futuro pra trilhar a três ou talvez a quatro!
Senti saudade, vontade de escrever e não dormi tentando entender o significado de felicidade agora. Senti medo por não ter alcançado muitas aspirações e que mesmo quando alcançadas foram de uma forma torta ou numa época deslocada da que considero ideal. Senti medo por perceber que o meu castelo não vai se concretizar como um dia eu programei e talvez nem se concretize. Me senti frustrada, confusa e desacreditada!
E acho que nunca saberei o que realmente é a felicidade e como conquistá-la. Enfim... Sigo em frente, vamos ver o que será de mim nesses próximos 3 anos!

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