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O Reencontro...

Extasiada!
Era assim que ela se sentia.
Depois de um ano difícil, de conquistas e perdas, de desgastes emocionais fortíssimos, de luta e desistência... Ela sentiu que um ano novo havia começado no instante em que olhou nos olhos daquele moço.
Olhos inquietantes, intimidadores, indagadores... Ela sentia-se menina, sentia-se tímida, curiosa, provocada, nua... Como se o olhar dele a despisse, como se com apenas o olhar ele pudesse ler os pensamentos dela.
Era como se naquele fim de tarde ela estivesse reencontrando um pedaço de si, um recomeço.
Depois do oi tradicional de beijinho breve no rosto, não demorou muito para que suas mãos se procurassem por debaixo da mesa, como se aquilo fosse cotidiano na vida dos dois.
Haviam outras pessoas na mesa, amigos em comum, conversas de botequim, risadas e ao ficarem sozinhos na mesa aconteceu o primeiro beijo...
- E que beijo!! - Pensou ela...
Beijo viciante, interminável, arrebatador... Vontade de nunca mais desgrudar os lábios, de sugar toda a saliva do outro, de comer um pedacinho daquela língua macia e provocante.
Ai, que sensação de plenitude!
Sentindo aquela explosão de sensações perceberam que era hora de ficarem mais a sós.
E foi então que, a beira do lago, eles trocaram o primeiro caloroso e apertado abraço. Era como se os corpos deles flutuassem... Ela sentiu tanto conforto, tanta sinceridade, tanto acolhimento naquele abraço que se botou a sorrir. Um sorriso de paz interior. E ele, cumprindo a promessa que havia lhe feito antes do primeiro encontro, a ergueu em seus braços e ficou encantado com a cara de surpresa que ela fez.
E ali, com o lago e as estrelas de testemunhas, eles se beijaram e se abraçaram muitas vezes... Algumas palavras eram trocadas, mas nem precisava... era como se eles já se conhecessem a muito tempo e estivessem ali se reencontrando depois de muitos anos afastados...
Era tanta saudade, tanta química, tanto amor que era incrível que esse fosse apenas o primeiro encontro.
Um calor intenso começou a ser emanado e tomar conta dos corpos desses amantes.  Ele lhe beijou o pescoço e a pele dela se arrepiou dos pés à cabeça. Sensação de frescor... Ela lhe mordiscou a nuca e o corpo dele estremeceu todo... Sensações cada vez mais intensas e quentes, já não era mais possível esconder a cara de gozo, a vontade de se despir de vez e se entregar a tudo aquilo que se estava sentindo.  Era hora de carícias a quatro paredes.
Depois de conversas de madrugada,  de troca de experiências, risadas e bebidas com sorvete de frutas vermelhas, lá estavam os amantes a se beijar na cozinha.
E entre uma declaração e outra, ele sorri, ela cora, e os dois se amam... Se tocam como se o mundo fosse acabar e só existissem os dois ali.
Intenso. Muito intenso!
Ele treme, ela geme... Corpos que não se deixam...
Um banho de horas até os dedos ficarem enrugados.
Orgasmos e mais orgasmos.  Coração a mil...
Será realmente esse o primeiro encontro dos dois? Parece coisa de outras vidas, um encontro cósmico, o reencontro de corpos feito da mesma matéria.
Ela sentia como se já conhecesse cada parte do corpo dele. Ele sentia como se uma parte do coração dele tivesse voltado a vida.
Extasiados!
Dormiram pouco, mas felizes, abraçados e enroscados.
Ao despertar vestiram um sorriso tão grande que mal cabiam em si.
Sentiam-se plenos, completos, amados e amando. Dominados pelo efeito da entrega mútua.
Leves... Flutuantes... Andando sobre nuvens... Sensação de contemplamento... Efeito calmante...
O mundo parou!
Ao se despedirem a vontade era oposta, queriam se unir cada vez mais até de fato virarem um só. Mas já era hora de partir.
- Não sou bom com despedidas! - Ele disse.
Então ela entendeu que teria que ser forte e vencer a irresistível vontade de prender-se a ele como quem não quer soltar nunca mais.
E aquele único corpo feito de mesma matéria dividiu-se novamente seguindo o fluxo da vida, esperando ansiosamente mais um reencontro cósmico e estasiante!
Ainda sentindo o gosto do corpo dele e da noite passada, ela percebeu que havia encontrado seu lugar no mundo nos braços daquele moço, metade homem - metade lobo. Entendeu que tudo o que vivera na vida, todas as experiências adquiridas, foram pra prepará-la para esse momento intenso de fusão consigo mesma... Com parte de si que um dia fora perdida!
E fim... Ou será recomeço?



Mariana Lohmann (25/01/2015)

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