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Amante da Morte


Ela se sentia vitoriosa e entristecida
diante do gosto da recém alma traída.
Traída não só pelos olhos
ou bocas ardentes...
Traída pelo desejo.

Ela se sentia entorpecida e imóvel
diante da vontade alegre e amanhecida.
A alma traída, de pensamentos louros...
A alma e não o corpo ou o peso.
E o suor que escorre atravessa os olhos.

Ela sentia-se estarrecida, ensandecida... e amante.
Amante da morte mal dormida
e da alma antes traída.
E num gole de desejo,
a flor sem espinhos entristeceu.

Ela, com olhar louco...
de pele branca e macia.
Sentia-se vencida pela traição do rosto querido...
A traição da alma querida e quente...
O gosto da amargo pesar.

Ela, que na doçura do pecado
sente-se traída e traí.
Ferida e felina sorri para a alma querida,
sentindo o gosto da vitória vingada
e da traição perdoada... pelos pecados já cometidos.

Os amantes da morte!
Nenhum deles sabiam o quanto eram errantes
e o quanto eram amantes.
Ela sentia o gosto quente do veneno
que de sua boca escorria.
E a alma traída sentia-se leve na sua liberdade.

Mariana Lohmann (21/07/2006)

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