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Para Rafael (in memorian)

Hoje eu sonhei com um ex-namorado já falecido e acordei com inúmeras questões na cabeça.
Já não é o primeiro sonho que tenho após sua morte e fica martelando em mim a sua imagem e as lembranças que possuo.
O mais louco que nossa história teve pouco mais de um mês, tantas outras pessoas cruzaram meu caminho e permaneceram mais tempo na minha trajetória, mas é com ele que eu sonho.
Cabelos negros, olhos que pareciam duas jaboticabas, tinha um sorriso lindo que nascia no canto da boca. Um ariano cabeça dura, que não perdia a chance de entrar numa boa discussão. E foi assim que tudo começou, numa grande discussão sobre ele ser gay... Eu o desafiei, ele aceitou e em pouco tempo estávamos nos beijando...
E que beijo!!!
Éramos tão jovens, tão estúpidos, sabíamos tão pouco da vida... Marcamos a vida um do outro de uma forma inusitada a julgar pelo pouco tempo que ficamos. Foi tudo tão intenso...
De uma forma ou outra dávamos um jeito de saber como o outro estava. Naquele tempo era preciso ainda usar orelhão... Visitar a pessoa pra saber como está. Por inúmeras vezes peguei um ônibus e fui até sua rua para ver se via ele, se tinha notícias... Com as redes sociais a comunicação seguiu mesmo que breve e inconstante...  Orkut, msn, Facebook... Incurtaram a distância entre nós.
Mesmo cada um vivendo sua vida, mantivemos contato.
Certa vez me disse uma frase que nunca saiu da minha cabeça, ele disse que eu não poderia estar casada por que sou "bicho solto".
Um mês antes de falecer, tivemos nossa última conversa, nosso último encontro... Ele no hospital, numa cadeira de rodas, extremamente magro e fazendo piadas sobre sua aparência; e eu querendo tanto lhe abraçar e lhe encher de beijo, mas com medo que a mulher dele aparecesse e criasse um clima desnecessário. Ali ficou claro pra mim o quanto fomos importantes um pro outro. Que a conexão que criamos com alguém nada tem a ver com o tempo que ficamos com aquela pessoa e sim com a intensidade das coisas que vivemos...
A vida é tão breve... Nesses dois últimos anos pudemos ter certeza disso com a chegada do covid-19, mas ela sempre foi.
Pessoas queridas se vão e deixam em nós buracos de saudades irreparáveis...
Penso que se com 17 anos eu tivesse agido diferente, tivesse feito outras escolhas, se ele tivesse feito outras escolhas, talvez nossa história tivesse durado mais tempo, talvez ainda estivesse vivo... Ou talvez tudo fosse pra acontecer exatamente como aconteceu e hoje era sim, pra eu ainda estar sonhando com ele... Não há como saber!
O importante a dizer é que a vida é uma só, então VIVA ela da melhor forma que puder, pois ela é muito breve e não há como voltar atrás pra refazer escolhas para viver novamente!
A vida é única e breve!

Para Rafael (in memorian)

Mariana Lohmann (16/01/2022)

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