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Conexões

Há certas pessoas que não sabemos como explicar, mas que estabelecemos conexões tão profundas que nem conseguimos compreender...
Certa vez conheci um moço num aplicativo de relacionamento. Foi tudo muito natural. Poucos dias de conversa. Nem eu e nem ele tentamos nos impressionar. Nos encontramos sem prévio aviso e nenhuma expectativa. 
Na verdade da minha parte esperava até que não fosse bom. Mas para minha surpresa foi maravilhoso, foi simples, foi ótimo, foi fluido, foi intenso e foi espontâneo... até demais!
Foi tudo tão bom e tranquilo, tão honesto e encaixado que logo já fantasiei... Logo eu, super carente como estava, fui me envolvendo, me apegando...
Ele disse não querer relacionamentos, eu o respeitei. Tínhamos algo sem cobranças e aberto. Ele era só elogios à mim. Éramos parceiros, amigos e confidentes. Talvez, amigos demais!
E foi aí que ele apareceu em relacionamento com outra menina que ele conheceu depois que já estava ficando comigo.
Meu mundo deu uma balançada, me senti enganada, iludida, traída por ter respeitado o querer dele e não o meu, até porque não tive chance nem de conhecê-lo melhor, ficar mais íntima, viver algo além dos poucos encontros que tivemos naquele mês.
Aquilo foi muito dolorido!! E se eu tivesse tentado? Se tivesse investido? 
Segunda vez no mesmo ano que passava por aquela situação. Levava em consideração o que me falavam e era "amiga" demais, super compreensível. Boa para aquecer a cama, mas não para ser apresentada como namorada.
Por muito tempo abafei o sentimento e me questionei o porquê daquilo acontecer comigo. Por que eu não era boa pra ele(s)? Onde eu havia errado?
A amizade permaneceu. Mesmo eu sabendo que não deveria... Mesmo que doesse... Mesmo eu engolindo ter sido trocada e fingindo estar tudo bem.
Parte de mim ainda o admirava, desejava muita felicidade em seu caminho e queria que ele desenvolvesse o artista que almejava ser. Combinamos uma tatuagem. Mesmo apertada de grana e desempregada, eu quis muito fazer aquela tatuagem. Ter em mim a marca dele.
E o ano virou, ele se "juntou" com a menina e ambos nos mudamos. A tatuagem seguiu por várias sessões... Ele queria que ficasse perfeita, se esforçou muito pra isso!
Conheci a menina, a casa deles, os gatos... Tive a chance de questionar o porquê de ter sido trocada e de dizer o quanto havia ficado magoada...
Um novo ano virou, novamente ambos nos mudamos, eles foram para outras cidades e em seguida tiveram um filho... 
A vida seguiu o seu fluxo, mas seguíamos amigos. Eu seguia o admirando de longe. Trocávamos ideias sobre paternidade/maternidade, relacionamento, tatuagens, signos e coisas aleatórias...
Mais um ano virou. Novas mudanças aconteceram. E a conexão permanecia.
Marcamos de nos ver no intervalo dele num dia da semana pra botar a conversa em dia. Estávamos bem, na medida do possível. Mas logo veio a pandemia.
Novo ano virou, novos acontecimentos, uma nova tatuagem que me dei de aniversário. Dia e hora marcados, a primeira sessão da nova tatuagem aconteceu! Observados e vigiados por muitos olhos, incluindo os dela. Conheci o pequeno deles e ganhei carona até a estação. Tensão no ar. Percebi o quanto os dois estavam parecidos... Fisionomicamente e energeticamente.
A vida seguia o seu rumo... Eu apostando num outro relacionamento que não tinha futuro e eles vivenciando o fim de um casamento.
Ambas relações se findaram... A amizade e a conexão permaneciam. Novas mudanças aconteciam... Mudei de amor... Ambos mudamos de casa, empregos, anseios e objetivos. Cada um na sua busca individual. 
Nova sessão, agora na minha casa, agora sem tensão, sem vigia... Descontraídos, verdadeiros e livres de julgamentos.
Eu, em uma relação aberta com outra pessoa do meu passado (uma pessoa que sempre foi e será muito importante na minha existência), me permiti dar um beijo de despedida! E que beijo! Um beijo que estremeceu nossos corpos e nos deixou com muita vontade de ficar novamente. Um beijo que trouxe a tona desejos à muitos anos guardados.
Combinamos de nos encontrar assim que fosse possível. E ainda tínhamos que concluir a nova tatuagem. 
Quase um mês se passou do beijo de despedida e um momento livre das duas partes para pelo menos concluir a tatuagem. E nesse quase um mês, voltamos a ter contato quase que diário. Fortalecemos a amizade. Ele, retomando a vida de solteiro, cometendo erros nas novas relações.... E eu, desabafando sobre meus dias e problemas no relacionamento.
Havia proposto um encontro, dia antes do término da tatuagem, mas ele não poderia. Tive uma divergência no meu relacionamento dois dias antes do término da tatuagem, e ele acabou sendo meu apoio. Nessa loucura de "tudo muda num segundo", o encontro acabou acontecendo no dia proposto... 
E foi tão maravilhoso como era no passado. Até melhor, pela maturidade que agora nos encontrávamos. Mais abertos, mais amigos, mais íntimos. Dessa vez eu esperava que fosse bom, mas não tanto como foi. Ele sabia que seria bom, mas ficou surpreso que foi muito além das expectativas dele.
Finalizamos a tatuagem e eu ainda tentava resgatar meu relacionamento. Mas "quando um não quer, dois não fazem", e mesmo que eu quisesse muito que minha relação com o alguém do passado seguisse e dêsse certo, esse alguém não quis. E logo veio a confirmação, logo eu estava triste pelo fim... E quando eu estava prestes a desabar foi o "moço do app", o "bombadinho do Tinder", o meu "personal tattoo artist", que me deu apoio, que me disse que tudo tem um propósito e chorar só atraíria energias negativas... Me disse pra focar em outras, que mudanças aconteceriam, mas que uma hora tudo ficaria bem.
Me senti confortada, acarinhada, mesmo que virtualmente, por aquele a quem sempre nutri um sentimento de amizade a cima de tudo. Me senti menos triste e mais forte pra enfrentar aquele momento. Eu estava frustrada pelo término da relação ter sido por um motivo torpe e o apoio que ele me deu foi fundamental.
Marcamos novos encontros, e apesar de poucos e não muito extensos, aproveitamos muito bem todo o tempo que tínhamos disponíveis. Fizemos pequenos planos, planos cabíveis de serem postos em prática, nos falamos diariamente e cada vez mais parceiros, cada vez mais próximos, cada vez mais desejados...
E tudo culminou ao ponto que chegamos hoje, um mês após o primeiro "(re)encontro" que tivemos, dois meses após aquele "beijo de despedida", quatro anos e dois meses e meio daquele 15 de junho, uma quinta-feira à noite, que eu pousei de páraquedas na casa dele pela primeira vez... Conectados, enlaçados, enamorados!!!
Uma conexão tão profunda e inexplicável que dá até um medinho de estar sendo tão bom e tão feliz.
Tenho a certeza que por mais que nossos caminhos venham a se separar novamente, essa conexão existente e por nós sempre alimentada vai permanecer ao longo de muitos anos, quiçá algo de outras vidas.
Que seja leve e dure o tempo que for!

"Feliz primeiro mês, gatinho!"

Mariana Lohmann (06/09/2021)

"Com sabor de fruta mordida"   (Todo Amor Que Houver Nessa Vida - Cazuza)

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