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Aos Pais

Às vezes, na ânsia por ver seus filhos "encaminhados" na vida os pais pecam fazendo cobranças exageradas e proferindo palavras que nunca deveriam ser ditas por quem lhes deu a vida.
Os pais não podem depositar no filho o sucesso que não puderam quando também eram apenas filhos; não podem esperar que os filhos ajam e pensem com a mesma cabeça que eles têm depois de tantos anos a frente vividos; não devem esperar que seus filhos sejam gratos por nunca ter passado pelas mesmas dificuldades que eles passaram quando tinham a idade dos seus descendentes...
Algumas fichas só caem aos olhos de alguns filhos quando estes se tornam pais também, contudo para outros nem assim caem.
Cada indivíduo é único e vivencia experiências únicas. Se somos resultados de nossas experiências, como exigir que outro, só por ser nosso filho, compreenda e viva o que somos ou o que queremos que eles sejam?
A cada novo nascimento, a cada novo segundo, um mundo inteiro se faz diferente. Não há como culpar os filhos por isso. Desde a descoberta de uma gravidez, ou até antes, os pais já planejam um novo mundo para os filhos, no mínimo sem tantas privações os quais eles mesmos tiveram que passar e pensam não repetir os mesmos erros cometidos pelos ascendentes em outrora, não é verdade?
Um bom exercício a ser feito aos pais é sempre se colocarem no lugar dos filhos, afinal eles também o são, já tiveram a mesma idade e já passaram por descobertas pessoais parecidas em seu desenvolvimento. Mas é bom se ter em mente que mesmo sendo mais velhos que os filhos, as experiências vividas são completamente diferentes. Deve-se levar em consideração também questões de âmbito geral, quando o filho veio ao mundo a situação financeira da sociedade era diferente, a tecnologia e as mídias vigentes também, as moedas, as alianças políticas, o sistema de saúde e de transporte, o tipo de alimentação mais consumida, entre outras tantas coisas também estavam e sempre estarão diferentes para a geração dos filhos.
É mais fácil aos pais compreenderem aqueles aos quais educaram, protegeram e acompanharam o crescimento, observando também e sendo carregado pelas mudanças do mundo; do que para um filho que só tem como medida as histórias e os fatos históricos contados.
Não isento nenhum filho pela má relação com seus pais, pois acredito que eles, por serem seres únicos, pensantes e observadores do mundo também possam aplicar o exercício de se pôr no lugar do outro, mesmo que exista certa diferença de idade e discrepância de idéias e valores.
Equilíbrio seria o ideal para todas as relações, equilíbrio e respeito. É necessário respeitar o próximo, seja ele nosso filho, nosso pai, nosso cônjuge, parente ou amigo. Respeito é fundamental, mas onde não há equilíbrio, dificilmente haverá respeito e sempre haverá quem se sinta mais prejudicado por isso. O desrespeito começa ao negar que somos diferentes e exigir que mesmo diferentes tenhamos que concordam com os mesmos ideais de vida.
A vida é feita de oportunidades e escolhas, a cada um de nós são ofertadas diferentes experiências todos os dias, não há como padronizar situações, percepções e resultados.
Eu escolhi viver meu caminho sem a interferência materna e principalmente paterna; não que eu não os respeite ou não ame a mãe que me criou sozinha, mas sendo eu resultado da educação que me deram somada as experiências vividas, sei que tenho esse direito. Eu tenho o direito de errar também e aprender com minhas escolhas, tenho o direito de escolher pra mim o que me faz bem e o que não me faz, afastando àqueles que (mesmo que pensem estarem me fazendo bem com suas cobranças e exigências) não me respeitam como indivíduo capaz de crescimento e ascensão.
Um dia talvez, ao olharem pra trás, meus pais reconheçam que uma parcela dos meus erros cometidos sejam culpa deles e/ou do desrespeito por eles cometidos, assim como eu pretendo estar sempre atenta aos erros que meu filho possa cometer. Ou talvez nada aconteça. Mas se nada acontecer pelo menos algo aqui foi refletido e de alguma forma assimilado para que eu não esqueça que meu filho é um ser único, pensante e quando adulto será o único responsável pelas suas escolhas, eu concorde ou não com isso.
;)

Mariana Lohmann (21/05/2015)

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